"
As vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido."
Fernando Pessoa
terça-feira, 12 de junho de 2012
sexta-feira, 8 de junho de 2012
segunda-feira, 28 de maio de 2012
sexta-feira, 25 de maio de 2012
domingo, 20 de maio de 2012
terça-feira, 15 de maio de 2012
quarta-feira, 9 de maio de 2012
domingo, 6 de maio de 2012
sábado, 5 de maio de 2012
...o próprio vento...
"No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:
um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento..."
um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento..."
Mário Quintana
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Fotografias,
Poesia e Poetas
quinta-feira, 26 de abril de 2012
terça-feira, 24 de abril de 2012
terça-feira, 17 de abril de 2012
terça-feira, 10 de abril de 2012
sábado, 7 de abril de 2012
quarta-feira, 4 de abril de 2012
terça-feira, 3 de abril de 2012
domingo, 1 de abril de 2012
Três
quinta-feira, 29 de março de 2012
terça-feira, 27 de março de 2012
sábado, 24 de março de 2012
sexta-feira, 23 de março de 2012
terça-feira, 20 de março de 2012
sábado, 17 de março de 2012
Vem Comigo
.

vem comigo
ver as pirâmides fantásticas do vento
no interior luminoso da terra encontrarás
o segredo de quartzo para desvendares o tempo
onde contemplamos a fulva doçura das cerejas
iremos para onde os restos de vida não acordem
a dor da imensa árvore a sombra
dos cabelos carregados de pólenes e de astros
crescemos lado a lado com o dragão
o súbito relâmpago dos frutos amadurecendo
iluminará por um instante as águas do jardim
e o alecrim perfumará os noctívagos passos
há muito prisioneiros no barro
onde o rosto se transforme e morre
e já não nos pertence
vem comigo
praticar essa arte imemorial de quem espera
não se sabe o quê junto à janela
encolho-me
como se fechasse uma gaveta para sempre
caminhasse onde caiu um lenço
mas levanto os olhos
quando o verão entra pelo quarto e devassa
esta humilde existência de papel
vem comigo
as palavras nada podem revelar
esqueci-as quase todas onde vislumbro um fogo
pegando fogo ao corpo mais próximo do meu
AL BERTO, in O Medo
.
vem comigo
ver as pirâmides fantásticas do vento
no interior luminoso da terra encontrarás
o segredo de quartzo para desvendares o tempo
onde contemplamos a fulva doçura das cerejas
iremos para onde os restos de vida não acordem
a dor da imensa árvore a sombra
dos cabelos carregados de pólenes e de astros
crescemos lado a lado com o dragão
o súbito relâmpago dos frutos amadurecendo
iluminará por um instante as águas do jardim
e o alecrim perfumará os noctívagos passos
há muito prisioneiros no barro
onde o rosto se transforme e morre
e já não nos pertence
vem comigo
praticar essa arte imemorial de quem espera
não se sabe o quê junto à janela
encolho-me
como se fechasse uma gaveta para sempre
caminhasse onde caiu um lenço
mas levanto os olhos
quando o verão entra pelo quarto e devassa
esta humilde existência de papel
vem comigo
as palavras nada podem revelar
esqueci-as quase todas onde vislumbro um fogo
pegando fogo ao corpo mais próximo do meu
AL BERTO, in O Medo
.
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Poesia e Poetas,
Por aí...,
Reflexos na agua
quinta-feira, 15 de março de 2012
quarta-feira, 14 de março de 2012
terça-feira, 13 de março de 2012
sábado, 10 de março de 2012
sexta-feira, 9 de março de 2012
quinta-feira, 8 de março de 2012
quarta-feira, 7 de março de 2012
terça-feira, 6 de março de 2012
segunda-feira, 5 de março de 2012
sábado, 3 de março de 2012
sexta-feira, 2 de março de 2012
quinta-feira, 1 de março de 2012
O Solitário
.

.

"As observações e as vivências do solitário que só fala consigo próprio são simultaneamente mais indistintas e intensas do que as do homem social e os seus pensamentos são mais graves, mais fantasiosos e nunca sem uma coloração de melancolia. Imagens e impressões que outros poriam naturalmente de lado após um olhar, um sorriso, um comentário, ocupam-no mais do que é devido, tornam-se profundas no silêncio, ganham significado, transformam-se em acontecimento, aventura, emoção. A solidão cria o original, o belo ousado e estranho cria a poesia. Mas cria também o distorcido, o desproporcionado, o absurdo e o proibido."
Thomas Mann, in "Morte em Veneza"
.
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Por aí...
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Plano Inclinado
.

"Para Galileu Galilei,
por razões óbvias

"Para Galileu Galilei,
por razões óbvias
Passou-me recentemente pelas mãos um velho livro de Física.
Ao folheá-lo, fui atraído pela descrição das experiências efectuadas pelo velho Galileu com o plano inclinado.
Galileu fez escorregar esferas de diversos tamanhos e diversos materiais por um plano inclinado com diferentes inclinações.
Estas experiências permitiram-lhe constatar que :
- a velocidade que as esferas atingiam não dependia do tamanho, nem do material de que as esferas eram feitas;
- a velocidade atingida só dependia da inclinação do plano, aumentando com esta.
Estes resultados obtidos por Galileu, que eu já conhecia, mas que estavam enterrados algures nas profundezas da minha arca de memórias, despertaram em mim uma ideia: se o plano inclinado tinha resultado tão bem, independentemente do material de que eram feitas as esferas, porque não experimentá-lo com palavras.
Experimentei então escrever num plano inclinado com esfero(gráfica). As palavras escorregavam a uma velocidade constante.
Reparei que quando inclinava mais o plano de escrita a velocidade das palavras aumentava até se tornar incontrolável e as palavras caírem em catadupa e se partirem, resultando em textos de pé quebrado e sem sentidos. Tentava então em vão colá-los e reanimá-los.
Ajustei por fim a inclinação do plano para conseguir uma velocidade ideal para as palavras, que me permitisse recolhê-las em ordem numa folha de papel branca, estendida com todo o cuidado ao fundo do plano.
Depois de acertar a inclinação certa, as palavras deslizavam umas após as outras e enchiam depressa a folha de papel.
Mas um outro problema surgiu de imediato: a mudança de folha de papel quando uma ficava cheia.
A princípio eu não era suficientemente rápido e algumas palavras perdiam-se. Tinha de procurá-las uma a uma, pois espalhavam-se pela mesa de trabalho e pelo quarto.
Ainda no outro dia, ao espreitar debaixo da cama, encontrei um ‘espelho’, coberto de cotão. Limpei-o cuidadosamente até de novo reflectir e coloquei-o em cima da cómoda. Utilizo-o todas as manhãs, quando me penteio.
Só depois de muitas tentativas e de muito treino consegui aperfeiçoar a técnica de mudar a folha de papel com a velocidade que a manobra exige.
Acabei também por me tornar exímio na arte de controlar a velocidade das palavras, à custa de pequenas variações da inclinação do plano.
Enquanto me não tornei perito nessa arte difícil da escrita em plano inclinado, tenho de confessar que fazia batota e preenchia o fim da folha com espaços.
Consegui desta forma aumentar a dimensão do meu quarto, à custa de uns quantos espaços perdidos, caídos fora da folha, que depois soprava para o chão.
Hoje, alguns anos depois de treino continuado, perco em média duas palavras por cem folhas de papel A4, sobretudo as palavras esdrúxulas com mais de quatro sílabas, que são as mais complicadas de controlar.
Com essas palavras perdidas estou a criar um reservatório de palavras difíceis, que poderei vir a utilizar no futuro, se as palavras me faltarem. Poderão ser muito úteis, especialmente se pretender vir a escrever poesia modernista.
As folhas cheias de palavras que preenchem este livro foram obtidas com a ajuda de um plano inclinado, calibrado para a língua portuguesa. "
Ao folheá-lo, fui atraído pela descrição das experiências efectuadas pelo velho Galileu com o plano inclinado.
Galileu fez escorregar esferas de diversos tamanhos e diversos materiais por um plano inclinado com diferentes inclinações.
Estas experiências permitiram-lhe constatar que :
- a velocidade que as esferas atingiam não dependia do tamanho, nem do material de que as esferas eram feitas;
- a velocidade atingida só dependia da inclinação do plano, aumentando com esta.
Estes resultados obtidos por Galileu, que eu já conhecia, mas que estavam enterrados algures nas profundezas da minha arca de memórias, despertaram em mim uma ideia: se o plano inclinado tinha resultado tão bem, independentemente do material de que eram feitas as esferas, porque não experimentá-lo com palavras.
Experimentei então escrever num plano inclinado com esfero(gráfica). As palavras escorregavam a uma velocidade constante.
Reparei que quando inclinava mais o plano de escrita a velocidade das palavras aumentava até se tornar incontrolável e as palavras caírem em catadupa e se partirem, resultando em textos de pé quebrado e sem sentidos. Tentava então em vão colá-los e reanimá-los.
Ajustei por fim a inclinação do plano para conseguir uma velocidade ideal para as palavras, que me permitisse recolhê-las em ordem numa folha de papel branca, estendida com todo o cuidado ao fundo do plano.
Depois de acertar a inclinação certa, as palavras deslizavam umas após as outras e enchiam depressa a folha de papel.
Mas um outro problema surgiu de imediato: a mudança de folha de papel quando uma ficava cheia.
A princípio eu não era suficientemente rápido e algumas palavras perdiam-se. Tinha de procurá-las uma a uma, pois espalhavam-se pela mesa de trabalho e pelo quarto.
Ainda no outro dia, ao espreitar debaixo da cama, encontrei um ‘espelho’, coberto de cotão. Limpei-o cuidadosamente até de novo reflectir e coloquei-o em cima da cómoda. Utilizo-o todas as manhãs, quando me penteio.
Só depois de muitas tentativas e de muito treino consegui aperfeiçoar a técnica de mudar a folha de papel com a velocidade que a manobra exige.
Acabei também por me tornar exímio na arte de controlar a velocidade das palavras, à custa de pequenas variações da inclinação do plano.
Enquanto me não tornei perito nessa arte difícil da escrita em plano inclinado, tenho de confessar que fazia batota e preenchia o fim da folha com espaços.
Consegui desta forma aumentar a dimensão do meu quarto, à custa de uns quantos espaços perdidos, caídos fora da folha, que depois soprava para o chão.
Hoje, alguns anos depois de treino continuado, perco em média duas palavras por cem folhas de papel A4, sobretudo as palavras esdrúxulas com mais de quatro sílabas, que são as mais complicadas de controlar.
Com essas palavras perdidas estou a criar um reservatório de palavras difíceis, que poderei vir a utilizar no futuro, se as palavras me faltarem. Poderão ser muito úteis, especialmente se pretender vir a escrever poesia modernista.
As folhas cheias de palavras que preenchem este livro foram obtidas com a ajuda de um plano inclinado, calibrado para a língua portuguesa. "
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domingo, 26 de fevereiro de 2012
sábado, 25 de fevereiro de 2012
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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
sábado, 4 de fevereiro de 2012
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
sábado, 28 de janeiro de 2012
Caminhada
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"Caminhar com bom tempo, numa terra bonita, sem pressa, e ter por fim da caminhada um objectivo agradável: eis, de todas as maneiras de viver, aquela que mais me agrada."
Jean-Jacques Rousseau
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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
sábado, 21 de janeiro de 2012
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