quinta-feira, 29 de março de 2012

terça-feira, 27 de março de 2012

sexta-feira, 23 de março de 2012

terça-feira, 20 de março de 2012

sábado, 17 de março de 2012

Vem Comigo

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vem comigo
ver as pirâmides fantásticas do vento
no interior luminoso da terra encontrarás
o segredo de quartzo para desvendares o tempo
onde contemplamos a fulva doçura das cerejas

iremos para onde os restos de vida não acordem
a dor da imensa árvore a sombra
dos cabelos carregados de pólenes e de astros
crescemos lado a lado com o dragão
o súbito relâmpago dos frutos amadurecendo
iluminará por um instante as águas do jardim
e o alecrim perfumará os noctívagos passos
há muito prisioneiros no barro
onde o rosto se transforme e morre
e já não nos pertence

vem comigo
praticar essa arte imemorial de quem espera
não se sabe o quê junto à janela
encolho-me
como se fechasse uma gaveta para sempre
caminhasse onde caiu um lenço
mas levanto os olhos
quando o verão entra pelo quarto e devassa
esta humilde existência de papel

vem comigo
as palavras nada podem revelar
esqueci-as quase todas onde vislumbro um fogo
pegando fogo ao corpo mais próximo do meu


AL BERTO, in O Medo

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quinta-feira, 15 de março de 2012

quarta-feira, 14 de março de 2012

terça-feira, 13 de março de 2012

sábado, 10 de março de 2012

sexta-feira, 9 de março de 2012

quinta-feira, 8 de março de 2012

quarta-feira, 7 de março de 2012

terça-feira, 6 de março de 2012

segunda-feira, 5 de março de 2012

sábado, 3 de março de 2012

sexta-feira, 2 de março de 2012

quinta-feira, 1 de março de 2012

O Solitário

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"As observações e as vivências do solitário que só fala consigo próprio são simultaneamente mais indistintas e intensas do que as do homem social e os seus pensamentos são mais graves, mais fantasiosos e nunca sem uma coloração de melancolia. Imagens e impressões que outros poriam naturalmente de lado após um olhar, um sorriso, um comentário, ocupam-no mais do que é devido, tornam-se profundas no silêncio, ganham significado, transformam-se em acontecimento, aventura, emoção. A solidão cria o original, o belo ousado e estranho cria a poesia. Mas cria também o distorcido, o desproporcionado, o absurdo e o proibido."


Thomas Mann, in "Morte em Veneza"

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